Voz Passiva Sintética

A voz passiva sintética é um recurso da língua portuguesa que se caracteriza pela formação da voz passiva de maneira mais simples e compacta, utilizando o pronome apassivador “se”. Entretanto,  diferentemente da voz passiva analítica, que utiliza um verbo auxiliar seguido do particípio do verbo principal (ex.: “O livro foi lido pelos alunos”), a voz passiva sintética apresenta o pronome “se” acoplado ao verbo na forma ativa. Nota-se que esse tipo de construção é bastante utilizado na comunicação escrita e falada, especialmente em textos jornalísticos e formais, por ser mais objetiva e impessoal.

Na voz passiva sintética, o sujeito da frase é o paciente da ação, ou seja, aquele que sofre a ação expressa pelo verbo. O verbo deve estar na terceira pessoa do singular ou do plural, concordando com o sujeito paciente. Um exemplo clássico é a frase: “Vendem-se casas”. Nessa construção, o sujeito da oração é “casas” (que sofre a ação de serem vendidas), o verbo “vendem” está na terceira pessoa do plural, e o pronome apassivador “se” marca a passividade.

Estrutura e Funcionamento

A formação da voz passiva sintética segue um padrão relativamente simples. Primeiramente, é necessário identificar o verbo transitivo direto ou transitivo direto e indireto que será utilizado na frase. O pronome “se” deve ser adicionado ao verbo para indicar que a oração está na voz passiva. Por exemplo:

Ativa: “O governo lançou novos projetos.”

Passiva analítica: “Novos projetos foram lançados pelo governo.”

Passiva sintética: “Lançaram-se novos projetos.”

Nesse caso, o pronome “se” transforma a frase ativa em passiva de forma mais sucinta. A concordância verbal é fundamental na voz passiva sintética: o verbo sempre concordará em número e pessoa com o sujeito paciente. Assim, se o sujeito for singular, o verbo estará no singular; se for plural, o verbo estará no plural. Veja outro exemplo:

• Singular: “Aluga-se apartamento.” (Sujeito: “apartamento”)

• Plural: “Alugam-se apartamentos.” (Sujeito: “apartamentos”)

Diferenças entre a Voz Passiva Analítica e Sintética

Embora ambas as formas expressem a ideia de passividade, existem diferenças marcantes entre as duas:

1. Estrutura:

• Na voz passiva analítica, há a presença de um verbo auxiliar (“ser”) e do particípio do verbo principal.

• Na voz passiva sintética, utiliza-se apenas o pronome “se” junto ao verbo conjugado.

2. Tamanho e Objetividade:

• A voz passiva analítica tende a ser mais longa e formal, enquanto a sintética é mais econômica e direta.

3. Uso Prático:

• A voz passiva sintética é mais comum em textos publicitários, títulos de reportagens e avisos, enquanto a analítica é frequentemente utilizada em contextos mais formais ou acadêmicos.

Exemplos de Uso

A voz passiva sintética é amplamente empregada em diversos tipos de textos e situações. Veja alguns exemplos práticos:

1. Avisos e Placas:

“Vende-se carro usado.”

“Conserta-se eletrodomésticos.”

“Alugam-se apartamentos no centro.”

2. Textos Jornalísticos:

• “Anunciam-se mudanças no sistema de transporte público.”

• “Publicaram-se novas regras para a aposentadoria.”

3. Manuais e Instruções:

• “Recomenda-se a leitura do manual antes do uso.”

• “Proíbe-se o uso de celulares durante a reunião.”

Vantagens e Limitações

A principal vantagem da voz passiva sintética é a sua praticidade. Ela permite que a informação seja transmitida de maneira concisa e eficiente, sem a necessidade de mencionar o agente da ação (aquele que a realiza). Essa impessoalidade pode ser útil em textos que têm o foco na ação ou no sujeito paciente, e não no agente. Além disso, por ser mais compacta, ela é especialmente adequada para contextos em que a economia de palavras é essencial, como em manchetes ou placas.

No entanto, a V.P sintética também apresenta limitações. Em certos casos, pode haver ambiguidade quanto ao agente da ação, já que ele não é explicitamente mencionado. Isso pode gerar confusão ou falta de clareza em algumas situações. Além disso, a voz passiva sintética é restrita a verbos transitivos, o que limita seu uso em construções que envolvem verbos intransitivos.

Conclusão

A V.P. Sintética é um recurso gramatical valioso que combina simplicidade e eficiência na transmissão de informações. Sua aplicação é especialmente vantajosa em contextos que exigem objetividade e impessoalidade. Apesar de suas limitações, ela se destaca como uma alternativa prática à voz passiva analítica, especialmente em textos cotidianos e formais. Seu uso adequado requer atenção à concordância verbal e ao contexto, mas, quando bem empregada, contribui para uma comunicação clara e concisa.

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